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Contos do Miro Lopes

  • Foto do escritor: Estandarte Angrense
    Estandarte Angrense
  • 12 de nov.
  • 2 min de leitura
Lady Francisco
Lady Francisco

Conta a lenda...

 

... que Lady Francisco escreveu seu nome na televisão com interpretações tão marcantes quanto as adversidades que poderiam tê-la matado de susto, medo e insegurança — não menos lamentável, mas, talvez, preferível a ter permanecido viva, amargando dolorosas cicatrizes. Leia-se: bullying, abusos, violências e aborto.

 

Através de personagens às quais deu forte presença cênica — mesmo quando se tratava de figuras de apoio às protagonistas, com as quais trocou dos mais simples aos mais complexos diálogos exigidos por tramas e dramas inesquecíveis —, Lady Francisco se fez valer com determinação ao longo de quatro décadas e meia de carreira, em séries, novelas e filmes que marcaram época.

 

Da ex-prostituta Yara, de Barriga de Aluguel, à ingênua manicure Gisela, de Louco Amor; da Rose, de Pecado Capital, à Juliana, de Escrava Isaura, Lady mostrou qualidade de criação e interpretações cheias de personalidade, consolidando sua trajetória na Vênus Platinada.

 

Considerada pela mãe o “patinho feio” entre as irmãs, Lady tinha postura, simpatia, autenticidade — e o talento necessário para se tornar um cisne. Embora carregasse luz e carisma, foi o “nariz empinado” que, segundo o pai, inspirou-lhe o nome que viria a se tornar artístico — ainda que aportuguesado: Leyde Cherque Volla Francisco Bourbon — um nome pomposo que condizia com sua descendência síria, espanhola e portuguesa.

 

Em Belo Horizonte, onde nasceu, e no Rio de Janeiro, onde venceu, foram os concursos de beleza que abriram uma fresta por onde vislumbrou o caminho a seguir. No Rio, participou do concurso Miss Suéter, promovido pelo Programa Flávio Cavalcanti.

Na entrevista conduzida pelos jurados, veio a pergunta:— De que você gosta?— De homem, uai!

 

Risos, aplausos — e um contrato para integrar o elenco de “Jerônimo, o Herói do Sertão”, original de Moisés Weltmann, apresentado pela TV Tupi.

...o que a lenda não conta

Um dos maiores sucessos do teatro francês — e, consequentemente, dos Estados Unidos —, La Cage aux Folles, de Jean Poiret, estreou no Rio de Janeiro em meados dos anos 1970, com o título “A Gaiola das Loucas”, em tradução e direção de João Bethencourt, estrelada por Jorge Dória, Carvalhinho e Lady Francisco.

 

A produção do espetáculo destacou um divulgador exclusivo para Lady, um trabalho inicialmente previsto para os três primeiros meses, mas que se estendeu por mais de um ano em cartaz.

 

De posse de três ou quatro blocos de recortes de jornais de todo o Brasil, Lady Francisco pede para falar com o diretor-geral da Rede Globo. O poderoso Boni recorda:

 

“Chega aquela mulher posturada, de nariz empinado”, entrega-me os blocos de recortes e diz, com serenidade e firmeza:

‘Sou conhecida no Brasil inteiro. Se a Globo não me contrata, é porque não está com nada.’

 

Pego de surpresa, Boni pigarreou, sorriu desconcertado, depois chamou Daniel Filho e mandou colocá-la na produção em andamento: “Pecado Capital”, de Janete Clair (1975).


Por Miro Lopes

 

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