O Início da Umbanda em Angra dos Reis: Uma História de Fé, Tradição e Resistência
- Wagner Rodrigues
- 9 de jan.
- 2 min de leitura

Por Felipe Barbosa*
A história da Umbanda em Angra dos Reis remonta ao final da década de 1950 e início dos anos 1960, quando o município recebeu Carlito Edileus, um pai de santo e enfermeiro, que veio trabalhar no antigo SANDU. Na época, Carlito encontrou na região pessoas que, sob influências espirituais, realizavam rezas para a cura de enfermidades, mas que não tinham contato ou conhecimento sobre os rituais e práticas da Umbanda.
Com sua sabedoria e liderança, Carlito passou a compartilhar os ensinamentos da religião com essas pessoas, introduzindo os ritos, cânticos, danças, vestimentas e costumes característicos da Umbanda. Mesmo sem um espaço físico definido, os primeiros encontros e louvações aos Orixás começaram a acontecer na Ilha do Maia, onde um de seus filhos de santo trabalhava como caseiro.
Com o tempo, os ensinamentos de Pai Carlito deram frutos. Seus filhos de santo se formaram na religião e abriram suas próprias casas de culto, conhecidas como terreiros. Alguns desses terreiros, que passaram de geração em geração, permanecem em atividade até hoje, perpetuando a tradição iniciada por Carlito. Entre os nomes que se destacam, estão Pai Zé Gomes, Pai Axê, Mãe Nanfinha e Mãe Mariinha, figuras fundamentais na construção e no fortalecimento da Umbanda no município.
Umbanda: Fé, Cultura e Propósito
Mais do que uma religião, a Umbanda representa uma manifestação cultural rica em diversidade e simbolismo. Nascida com o propósito de combater a opressão contra os negros e promover a caridade e a cura espiritual, a religião encontrou em Angra dos Reis um solo fértil para crescer e se enraizar.
Este relato é apenas o início de uma série de histórias que pretendem desmistificar a Umbanda em nosso município, revelando sua beleza, propósito e a força de seus praticantes.
Minha História com a Umbanda
Meu nome é Felipe Barbosa. Desde muito pequeno, enfrentei desafios de saúde. Os médicos me desenganaram ainda bebê, mas foi nos braços de minha avó, Mãe Mariinha, que encontrei o cuidado e a cura espiritual. Criado dentro do terreiro de minha avó, aprendi desde cedo o valor da fé, do amor ao próximo e da caridade.
Hoje, tenho o privilégio, juntamente com minha prima-irmã Caroline, de continuar o legado de Mãe Mariinha. Juntos, buscamos honrar sua história e contribuir para que a Umbanda seja cada vez mais reconhecida por sua importância espiritual, social e cultural.
Agradeço ao Estandarte Angrense pela oportunidade de compartilhar essa história e convido todos os leitores a conhecerem mais sobre a Umbanda, sua trajetória em Angra dos Reis e sua mensagem de amor, acolhimento e resistência.
Axé a todos!
*Felipe Barbosa é pesquisador e Ogã do Terreiro Caboclo Sobe Serra







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