top of page

“Seja marginal. Seja herói.”

  • Foto do escritor: Estandarte Angrense
    Estandarte Angrense
  • 21 de out.
  • 2 min de leitura
ree

Conta a Lenda....

A frase, cunhada pelo artista plástico Hélio Oiticica, é a legenda de um traço (imagem a partir da foto) do corpo estendido no chão do marginal Manoel Moreira, alcunhado pela imprensa policial de Cara de Cavalo devido às suas feições. A foto (que gerou o traço) do corpo do marginal foi reproduzida de um tablóide para ilustrar um estandarte, numa das homenagens que o artista prestou ao bandido como herói da resistência à opressão, em sua visão crítica sobre a violência policial e a marginalização na era pós-regime militar, instalado em 1964.


O estandarte é traduzido como uma bandeira-poema e compõe um conjunto de obras do Bólide B33 caixa 18 – Homenagem a Cara de Cavalo, que consiste em uma caixa sem tampa, com as laterais forradas com fotos de Cara de Cavalo (captadas nos jornais da época), morto, de braços abertos, estirado no chão. No fundo da caixa, um saco plástico com pigmentos coloridos está coberto por uma tela com a inscrição:

“Aqui está, e ficará! Contemplai seu silêncio heróico.”


Moreira entrou para a criminalidade ainda ‘dimenor’, vendendo maconha, depois atuando como cafetão e praticando extorsão contra os bicheiros, assaltando os pontos de Vila Isabel, terra de Noel. MM era cria da Favela do Esqueleto, plantada às margens da abandonada estrutura da hoje Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj).


Cara de Cavalo morreu aos 23 anos, cravejado de balas, suspeito de ter matado o detetive Milton Le Cocq, para quem “bandido que atira em policial não tem direito de viver”. Seguindo à risca o bordão, seus colegas de um esquadrão de extermínio, naturalmente ilegal, que passou a ser denominado Scuderie Le Cocq, eliminaram o meliante com mais de 60 tiros numa casa em Búzios onde ele se escondia.


Conta a lenda que Le Cocq, durante uma perseguição para prender Cara de Cavalo, que fugia num táxi, teria sido atingido por cinco tiros pelo marginal, no Boulevard 28 de Setembro, em Vila Isabel. O que a lenda não reza, mas o velho repórter Luarlindo Ernesto – este sim uma lenda do jornalismo policial – conta, é que:


“- O Manoel Moreira não atirou em ninguém e fugiu. Quando os policiais identificaram o táxi, o Fusca da polícia foi atrás. Algum dos agentes começou a atirar no táxi e acabou acertando nas costas do Le Cocq, que estava dirigindo.”

A morte do policial acabou sendo atribuída ao ‘Mané’…


Contos do Miro Lopes

 

Comentários


loader,gif
  • Instagram

Receba nossas atualizações

Obrigado pelo envio!

  • Instagram

© Estandarte Angrense é um produto da Taboão Comunicação e Eventos LTDA.

bottom of page